Governança corporativa é ainda um termo recente no Brasil. Começou a circular entre os administradores somente na década de 1990, ou seja, há pouco tempo.
O assunto pode ser até novo no país, porém os pontos que o envolvem são bem conhecidos pelos gestores: transparência, equidade, investimento, ética e fiscalização
Em resumo, uma governança corporativa responsável gera confiança, satisfação e conquista reputação perante os seus stakeholders.
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) recebe informes de companhias nacionais e avalia os resultados de governança segundo os dados repassados.
Para se ter ideia: a aderência média às práticas recomendadas pelo Código Brasileiro de Governança Corporativa alcançou 67% em 2024, enquanto no ano anterior foi de 65,3%.
Ao longo desta década, essa taxa tem crescido, por exemplo: em 2020, o resultado foi de 54,3%; enquanto no ano seguinte, subiu para 61,4%.
No entanto, os resultados mais recentes projetam uma queda nessa aceleração. Fator que serve de alerta para as organizações.
A evolução das companhias nacionais ao longo dos últimos anos revela que, gradativamente, os administradores do país têm percebido a importância do sistema de governança corporativa.
Neste artigo, você irá entender:
- O que é a governança corporativa?
- Qual a importância da governança corporativa?
- Pilares da governança corporativa
- O primeiro passo
Desejamos uma boa leitura!
O que é a governança corporativa?

A governança corporativa reúne práticas, processos e regras a partir das quais uma empresa é administrada.
De acordo com o IBGC, a governança corporativa nada mais é do que “o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas”.
A sua estratégia é aumentar não somente a confiança, mas também a satisfação dos stakeholders (partes interessadas) da corporação.
Vale destacar que existem stakeholders internos e externos à empresa, sendo eles:
Internos
- Proprietários
- Colaboradores (funcionários)
Externos
- Clientes
- Fornecedores
- Investidores
- Credores
- Mídia
- Comunidades
- Sindicatos
- Agências governamentais
- ONGs
Todas essas partes exercem influência sobre a empresa, cada uma conforme os seus próprios interesses e desejos.
Com o sistema de governança corporativa, os processos administrativos da corporação são aprimorados e otimizados, buscando equilibrar, justamente, os diferentes interesses que a tangenciam.

O objetivo principal deste sistema não é alcançar só o lucro, porém uma satisfação geral.
A governança corporativa também é recomendada tanto para empresas de capital aberto, quanto fechado, ou seja, todos os negócios podem se beneficiar.
Compliance, ética… O que são?
- Compliance: cumprimento de normas e regras dentro da organização
- Ética: conjunto de valores, condutas e posicionamentos
Ambos os termos costumam ser confundidos com a governança corporativa, porém, na realidade, estão constituídos nela. Todos são interligados.
Em uma boa governança de corporação, os colaboradores cumprem as normas e também seguem o conjunto de valores da empresa.
Esse respeito fortalece a imagem da empresa diante da sociedade, construindo e mantendo gradativamente a sua reputação.
Foco
Um negócio bem gerido possui, antes de tudo, transparência. As informações positivas ou negativas são sempre compartilhadas com os stakeholders, evitando completamente a manipulação de informações ou dados.
É importante destacar que uma boa governança exerce autoridade e influência. Ao mesmo tempo, os administradores têm o cuidado de manter uma comunicação assertiva, respeitosa e estratégica com os colaboradores.
Ou seja, sob o holofote dos gestores se mantêm: ética, segurança e transparência.
Modelos

Quando se fala em modelo de governança corporativa, é necessário entender que existem diferentes versões ao redor do mundo.
Esses modelos mudam conforme o país em que se está analisando, sobretudo em decorrência das diferenças culturais, como: língua, valores…
Ou seja, existem modelos: latino-americanos, europeus, norte-americanos etc.
Cada um deles possui um índice de governança corporativa, em que são avaliados os desempenhos e rendimentos das empresas.
Quanto maior o valor, maior o potencial para investimentos, por exemplo.
Ou seja, transparência, autoridade e entrega de resultados são fatores de atração para o mercado.
Qual a importância da governança corporativa?

A EJFGV preparou uma lista completa com os principais benefícios da implementação de um sistema positivo de governança corporativa.
Conheça os pontos-chave:
- Processos mais produtivos e eficazes: redução de custos e de desperdício, tornando os processos internos mais eficazes
- Planejamento estratégico: decisões mais assertivas e baseadas em metas e objetivos
- Direcionamento: monitoramento e avaliação constante dos resultados setoriais ou individuais, buscando diagnosticar as falhas e os acertos
- Reputação: com uma boa imagem diante da sociedade, a empresa desenvolve e mantém uma reputação positiva
- Segurança: chances reduzidas de fraudes, como desvios, protegendo a saúde financeira
- Estabilidade atrai investimentos: com uma boa imagem financeira e sustentada pela transparência, maiores são as chances da corporação receber investimentos
- Satisfação dos colaboradores: maior retenção, redução de rotatividade, clima organizacional favorável etc.
- Satisfação dos clientes: investimentos sobre a experiência do usuário, por exemplo, melhoram a avaliação dos clientes sobre a empresa, além de seus serviços ou produtos
- Transparência: geração de confiança em todos os stakeholders
- Evolução consistente da agenda estratégica social e ambiental da empresa (ESG)
- Controle sobre o abuso de poder
- Fuga de conflitos de interesse
Pilares da governança corporativa

Os quatro pilares do sistema de governança corporativa são:
- Transparência
- Equidade
- Prestação de contas (accountability)
- Responsabilidade corporativa
Transparência
As informações que tangenciam os interesses dos stakeholders, sejam elas positivas ou negativas, devem ser repassadas com transparência.
Todos detalhes são relevantes, não somente aqueles ligados ao desempenho econômico da empresa durante um determinado período.
O cumprimento das leis, as avaliações, os resultados de produção, investimentos futuros etc. são alguns exemplos de assuntos que devem estar na pauta de comunicação com as partes interessadas sempre.
A transparência é essencial para conquistar novos clientes e investidores, afinal de contas: segurança e estabilidade geram sempre entusiasmo e atração no mercado.
O investidor não quer ver a empresa sobre a qual destinou confiança sair na manchete de um jornal devido a um escândalo, por exemplo.
Então, compartilhar o status da empresa é obrigação e evita resultados prejudiciais no futuro, como a possibilidade de falência.
Equidade
Este pilar é direto:
Todas as partes interessadas na corporação devem ser tratadas de maneira igualitária, sejam os seus direitos, deveres e interesses.
Prestação de contas (accountability)
A prestação de contas não inclui somente o setor financeiro, mas a tomada de decisões gerais da organização, incluindo as responsabilidades por cada um dos atos tomados.
A prestação de contas é mais um ato de transparência e, de maneira simbólica, coloca as peças em seu devido lugar, ou seja, responsabiliza cada qual por suas ações.
Os resultados positivos costumam ser nomeados com facilidade, já os negativos…
A responsabilização é ainda um desafio no ambiente empresarial, tendo em vista a falta de profissionalismo de parte do elenco colaborativo.
Uma boa governança realiza o diagnóstico exato no momento certo, além disso entrega as respostas exatas e possibilita o desenho de estratégias corretas.
Responsabilidade corporativa
A responsabilidade corporativa envolve facetas financeira, social, ambiental etc.
O objetivo é reduzir externalidades negativas dos negócios e aumentar o impacto positivo. Tudo isso baseado em um desenvolvimento consciente do negócio.
Pontos-chave
A EJFGV preparou também uma lista com dicas para uma boa governança corporativa.
Pegue o papel e a caneta, anote as informações e busque implementá-las:
- Mantenha uma boa comunicação entre sócios: realize sempre reuniões e mantenha o discurso em dia
- Conselho de administração: crie um grupo consultivo, que tenha pelo menos cinco integrantes, que estejam comprometidos com o planejamento estratégico do negócio e com o alcance de resultados. Todos devem estar sempre atentos às solicitações dos stakeholders. Mas, atenção: a escolha dos integrantes deve levar em conta: diversidade de gênero e de raça.
- Instaure um código de conduta: trata-se de um conjunto de normas que orienta o comportamento esperado dos colaboradores, levando em conta os valores da empresa.
- Hierarquia: divida as obrigações e as atribuições dos colaboradores, não deixando brechas para dúvidas. Alinhe: expectativas, tarefas e prioridades.
- Forneça treinamentos e capacitações aos membros da empresa
A implementação do sistema de governança corporativa já é realidade no mercado global.
Dados
Relatório da KPMG examinou 282 companhias brasileiras e trouxe informações relevantes sobre o assunto.
Confira:
- 72% dos conselhos têm pelo menos uma mulher
- 80% realizam avaliações formais do desempenho do conselho
- 70% também avaliam os membros individualmente
- 91% possuem políticas formalizadas de gerenciamento de riscos
- 82% mantêm uma área dedicada à governança de riscos e compliance
- 88% têm comitês de auditoria
- 57% ou mais já apresentam informações ESG auditadas ou revisadas por terceiros independentes
Esses números confirmam como as práticas da governança corporativa já estão sendo aplicadas nas empresas do Brasil. O processo tem sido gradual.
Primeiro passo

O primeiro passo é a necessidade dos executivos entenderem a importância de se implementar a governança corporativa.
A transparência na divulgação das informações, a criação de conselhos consultivos, a manutenção da equidade, a hierarquização das atribuições do elenco colaborativo etc. são passos fundamentais para o sucesso.
Este artigo apresentou dados que confirmam o avanço da governança corporativa no Brasil. Essa é a realidade do mercado empresarial e demanda cuidado por parte dos administradores.
A EJFGV está de portas abertas para ajudar os gestores neste momento delicado de transformações.
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